As ciladas da nossa audição

Já ficou horas em uma mixagem e nem por decreto conseguia fazer ela soar como deveria? Quanto mais tempo mais difícil fica essa tarefa, Entenda o porque.

Vamos fazer uma experiência.

Abra um projeto de uma mixagem que esteja finalizada e crie um Loop longo, de preferencia em uma passagem constante (refrão por exemplo). Somente para essa experiencia didática, insira um equalizador no canal master (não faça ajustes ainda) e deixe seu Loop tocando por ±15 segundos. Agora, sem parar, aumente consideravelmente a região dos agudos tomando cuidado para que o áudio não distorça (deixe uma margem para evitar Clipping), ouça também por  ±15 segundos, também sem interrupções. Agora volte ao “zero” no seu equalizador ou dê um Bypass. O que aconteceu? Sim, sua mixagem que antes estava finalizada e soava muito bem, agora está lhe implorando por agudos. Estranho não?
Isso acontece por que nós conseguimos nos adaptar facilmente com algumas situações, como a sonoridade por exemplo. Apenas sentimos essa diferença no primeiro momento, sendo “anulada” ou “esquecida” logo depois.
Um outro exemplo bem comum, é o nosso olfato. É comum chegarmos em um determinado ambiente e sentirmos um cheiro diferente (como no hospital), mas em questão de minutos esse odor aparentemente some, correto? NÃO! Na verdade, ele ainda está lá, porém com o passar do tempo nós nos habituamos a ele e inconscientemente o ignoramos, assim como no exemplo da audição.
 
 

Como não cair nessa cilada

Quando estiver na fase de ajustes do seu projeto, evite a audição prolongada de uma mesma música, sempre descanse. Assim você evita que seu cérebro “memorize” a sonoridade da mixagem, facilitando posteriores mudanças (lembra do exemplo dos agudos?).
Leve a sério a saúde da sua audição. Quando perceber que seus ouvidos estiverem fadigados, faça uma pausa, relaxe. Eu particularmente percebo isso quando o som começa a “embolar” mesmo em nível baixo.
 
Segundo estudos, nós podemos ouvir até 8 horas de música a 80 ou 85dB SPL sem que haja danos ao nosso sistema auditivo. E é justamente esse o nível de “volume” (na verdade é pressão sonora) recomendado para se trabalhar em um estúdio.
Atualizado em 28/01/2013

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