Qual o papel da Masterização e porque fazê-la

A Masterização é a etapa final de um trabalho musical. É nesta fase que sua musica é trabalhada para “soar bem” não só no rádio da sua sala, mas também no celular, com fones, no carro ou em um show!

Primeiramente, masterizar não significa apenas:

  • Conseguir “peso” aumentando os graves em um simples trabalho de equalização.
  • Dar “brilho” apenas aumentando os níveis das frequências mais altas.
  • Dar ganho de volume através de compressor ou limiter.

Ou, como pensam, não faz milagres como:

  • Salvar uma mixagem defeituosa.
  • Fazer seu trabalho soar internacional.

Depois que entender as citações acima, com certeza tudo fará sentido quando o assunto for masterização.

Nela consistem muitos processos para lapidar sua obra, dando o equilíbrio necessário entre as frequências. Ou por exemplo, simples e minuciosas atenuações em determinadas regiões onde “sobram” vocal nas passagens mais altas.

Peso

Conseguir peso, como foi dito acima, não é um simples ganho nas frequências baixas. Em alguns casos devesse analisar as notas tocadas pelo baixo por exemplo, e entender em qual frequência cada nota estará no espectro, e trabalha-las para que somente aquela região seja modificada na master. Seja comprimindo via multibanda, ou realçando os harmônicos daquele instrumento com algum plugin especifico para este trabalho.

Brilho

Dar brilho esta longe de ser sinônimo de ganho nas altas. Quase da mesma forma que os graves, devem ser trabalhados caso a caso. Alguns instrumentos geram uma dinâmica muito grande, por isso não basta dar ganho, com certeza teremos agudos estridentes.

Ganho de volume (RMS)

O ganho de volume, que muitos pensam ser o foco da masterização, muitas vezes acaba sendo uma consequência dos processos realizados. Caso você realce os transientes, trabalhe as frequências medianas, comprima já “compensando com ganho”, etc…. Automaticamente você vai ter um aumento de volume sem que seja o foco no momento do processamento naquele momento. Por fim, o compressor (se necessário) e o limiter brickwall vão garantir que você chegue a sua meta, que já foi estabelecida após a primeira audição da faixa, porém sempre respeitando níveis e margem dinâmica (leia sobre guerra de volumes). Mas, se for realizado um bom trabalho na mixagem, praticamente não teremos modificações no original. Aí sim perceberemos somente o ganho de volume, daí vem a ideia que a master somente eleva o sinal RMS da faixa.

Mixagem deficiente

Se alguém disser a você a seguinte frase: “…deixa assim, na masterização o engenheiro de master corrige…” Esqueça!
Imagine receber uma faixa onde todos os instrumentos soam perfeitamente equilibrados, porém o vocal soa baixo e abafado, como corrigir? Bom, o vocal encontra-se nas frequências medianas certo? Para “desabafar” basta trabalhar os agudos correto? Se elevarmos a região do vocal com a intenção de “traze-lo pra frente”, com certeza estaremos prejudicando os instrumentos que estão nesta região, e que já estão no seus devidos lugares. Trabalhando os agudos, comprometeremos os elementos que chegam a esta frequência, como o violão em alguns casos, ou os pratos da bateria e assim por diante. Resumindo, é um trabalho desnecessário, já que isso se resolve muito facilmente na mix. Não que seja impossível realizar tal tarefa na masterização, ou desinteresse em resolver essa questão, mas não é toda faixa que se consegue esse feito.

Soar internacional

Com certeza um clássico. Para que sua faixa soe internacional, é necessário ter em mente que toda a produção deve seguir esta meta. Seja na maneira/forma de se cantar, arranjos, timbres, solos, gravação, e mixagem. A masterização será apenas o toque final de toda essa pirâmide.

Porque faze-la

Depois de todos esses “porém”, você deve estar pensando:
Pra que masterizar se não vai salvar minha mixagem ou fazer soar internacional como eu queria?

Eu respondo…

Na master, tudo é muito sutil! A mix é como um diamante, que já deve ser belo por natureza, a master apenas faz a lapidação para que o diamante tenha um determinado formato e possa ser utilizado em qualquer anel, e no caso da mix, para que ela possa ser apreciada em qualquer dispositivo reprodutor de mídia.
Outro motivo seria a possibilidade do engenheiro de master perceber algo de errado, como no exemplo do vocal abafado. De certa forma, é “normal” algum detalhe passar desapercebido na mixagem, já que se passam muitas horas ajustando um mesmo trabalho, com isso nosso cérebro acaba se acostumando com a sonoridade, mesmo que ela apresente uma deficiência séria como esta. Por isso digo que é um risco masterizar sua própria mixagem (leia mais sobre esse assunto aqui).

O engenheiro de master terá seu julgamento na primeira audição, sem influencias passadas, isso facilita encontrar problemas ou necessidades de cada faixa, e por consequência, estabelecer metas.